quarta-feira, 27 de maio de 2015

Acordo do clima é difícil, mas contexto é favorável, diz ministro francês

COP 21 reunirá representantes de países na França em dezembro.
Última tentativa de chegar a acordo global sobre o clima fracassou em 2009.

O ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, posa para foto nesta sexta-feira (22) (Foto: AFP Photo/Joel Saget)

  O contexto é favorável à conclusão de um acordo sobre o clima na Conferência de Paris, que será realizada em dezembro - afirmou o ministro das Relações Exteriores da França, Laurent Fabius, embora acredite que alcançá-lo seja uma tarefa difícil.
"Há um tom positivo e uma dificuldade extrema", declarou Fabius em entrevista a agências de notícias, entre elas a AFP.
  "Acredito que se tivermos sucesso", Paris será "o começo de uma nova situação", disse Fabius, que presidirá a Conferência COP 21.
Os representantes de 195 países e da União Europeia se reunirão no final de novembro com o objetivo de chegar a um acordo para limitar a 2ºC o aquecimento global em comparação à era pré-industrial.
  A última tentativa de chegar a um acordo global sobre o clima fracassou em 2009 em Copenhague.
Na avaliação de Fabius, o que ocorreu em 2009 foi resultado da falta de preparação dos temas antes do início da conferência. Além disso, segundo ele, predominou a ideia de que "nos últimos dias os grandes chegam e resolvem as coisas no lugar dos negociadores, e isso não funciona".
  Para evitar isso, a proposta é que "os chefes de estado e de governo venham para o início da conferência, para enviar uma mensagem política positiva".
O chanceler francês considerou que neste momento há "razões objetivas" para esperar um sucesso.
"Lamentavelmente a situação piorou, e por isso a necessidade de se chegar a um acordo político sobre a mudança climática é hoje mais forte do que antes", explicou. "Cientificamente, há muito menos contestação sobre a realidade do fenômeno e sobre sua origem humana".
Paralelamente, "as empresas e os meios econômicos são muito sensíveis" ao tema.

China, uma mudança importante
"O mundo financeiro começa a se mexer pelo clima", ressaltou Fabius, aludindo ao fato de que alguns investidores estão se afastando do carvão em favor de energias mais limpas.
O chanceler francês citou em particular "a agência de classificação Standard and Poor's, que acaba de incluir o risco climático entre seus elementos de qualificação" e o "Bank of America-Merrill Lynch, que decidiu deixar de financiar usinas de carvão tradicionais".
Em outubro passado, na reunião do FMI e do Banco Mundial em Lima, uma sessão especial foi dedicada ao clima. "É uma atitude bastante nova", comentou.
Politicamente, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e os líderes chineses "se comprometeram na luta contra as alterações climáticas, já que são as duas principais fontes" de gases de efeito estufa no mundo, apontou o ministro.
A posição chinesa é "evidentemente uma mudança importante", estimou Fabius, declarando-se "convencido" de que a realidade de seus esforços sobre o clima" ultrapassará até mesmo seus compromissos".

No entanto, o ministro das Relações Estrangeiras francês disse que é preciso "ser cauteloso, muito cauteloso", já que "chegar a um acordo entre 196 partes é extremamente difícil".
  Entre as questões "complicadas", citou em particular os "problemas de financiamento" na luta contra o aquecimento global.
Em relação aos compromissos de redução de emissões de gases de efeito estufa, apenas 38 países (um terço das emissões globais) tinha até então apresentado suas contribuições.
"Espero, mas não tenho certeza, que no momento da Conferência de Paris nós estejamos em pelo menos 90% das emissões", afirmou.

"No final do ano, teremos, por um lado, os compromissos em termos de números dos países e, por outro, compromissos de grandes empresas, de setores econômicos, de instituições financeiras, o que dará um aspecto muito específico da luta contra o aquecimento global", acrescentou.
Fonte: G1 via France Presse

Entenda o Marco da Biodiversidade sancionado por Dilma nesta quarta, dia 20/05/2015

Nova lei visa facilitar pesquisas e uso comercial de plantas e animais.
Projeto foi apresentado em 2014 e aprovado no Congresso este ano.

Imagem aérea do Rio Juruá, na Amazônia. Marco da Biodiversidade visa facilitar pesquisas e uso comercial de plantas e animais (Foto: Bruno Kelly/Reuters)
  O Marco da Biodiversidade reforça as regras criadas pela Medida Provisória 2.186-16, de 2001, que incorpora os compromissos assumidos pelo governo perante a Convenção da Diversidade Biológica (CDB), tratado internacional das Nações Unidas que regula o tema.
Apresentado pelo Executivo em 2014, o projeto de lei foi aprovado pela primeira vez na Câmara em fevereiro. Encaminhado ao Senado, recebeu 23 emendas que alteraram o texto. Por isso, teve que voltar a ser analisado pelos deputados. O documento foi aprovado em 27 de abril e encaminhado para sanção da presidente Dilma Rousseff..
  O objetivo do projeto de lei da biodiversidade é reduzir a burocracia e estimular a pesquisa e inovação com espécies nativas. No entanto, alguns ambientalistas dizem que o projeto privilegia as empresas e amplia o acesso à biodiversidade sem proteger os povos indígenas e seus conhecimentos tradicionais.
No projeto de lei, patrimônio genético é definido como “informação de origem genética de espécies vegetais, animais, microbianas, ou espécies de outra natureza, incluindo substâncias oriundas do metabolismo destes seres vivos”.

Entre os principais pontos aprovados, estão a retirada de penalidades impostas a empresas que descumpriram regras ligadas à exploração de materiais provenientes de plantas ou animais e a criação de normas de pagamento pelo uso de recursos genéticos naturais por empresas -- tanto para o governo, quanto para povos tradicionais, como os indígenas.
Veja os principais pontos da lei 7.735/2014, sancionada pela Dilma
Acesso ao patrimônio genético
Modifica a forma de solicitar autorização para explorar a biodiversidade. Antes, as empresas tinham que submeter uma documentação ao Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGen) e aguardar a aprovação para iniciar os trabalhos. Agora, organizações nacionais podem fazer um cadastro simplificado pela internet.
Pagamento pela Exploração
Se um produto foi criado a partir de material existente na biodiversidade brasileira, a empresa terá que repassar de 0,1% a 1% da receita líquida anual obtida com a exploração econômica. O dinheiro será destinado ao Fundo Nacional de Repartição de Benefícios.
Comunidades tradicionais
Segundo o projeto de lei, índios e povos tradicionais, como quilombolas e ribeirinhos, terão direito a participar da tomada de decisões sobre assuntos relacionados à conservação e ao uso sustentável de seus conhecimentos tradicionais. Além disso, a exploração econômica de seus conhecimentos deverá ser feita com consentimento prévio por meio de assinatura por escrito, registro audiovisual, parecer de órgão oficial competente ou adesão na forma prevista em protocolo comunitário.
Em dinheiro ou em Projetos?
Os benefícios obtidos da exploração do conhecimento tradicional podem ser pagos em dinheiro ou em ações “não monetárias”, como investimentos em projetos de conservação, transferência de tecnologias, capacitação de recursos humanos ou uso sustentável da biodiversidade.Segundo ambientalistas, a alternativa "não monetária" pode prejudicar arrecadação de investimentos.
Pequenos estão livres de pagamento
Microempresas, empresas de pequeno porte, microempreendedores individuais e cooperativas agrícolas estão isentos do pagamento pela exploração econômica do patrimônio genético de espécies encontradas no Brasil.
Isenção de infrações
Em relação às multas e condenações que foram aplicadas em razão de biopirataria, seguindo a lei anterior, todas as sanções ficam anistiadas a partir da assinatura da Medida Provisória e cumprimento do termo compromisso com a União.
Repartição de benefícios
Povos indígenas e comunidades tradicionais somente receberão a repartição de benefício quando o seu conhecimento for considerado elemento principal de agregação de valor ao produto.

Fonte: Eduardo Carvalho Do G1, em São Paulo

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Clima fica no rodapé em visita de premiê chinês

CLAUDIO ANGELO (OC)
O primeiro-ministro da China, Li Keqiang, passou pelo Brasil nesta semana, encontrou-se com Dilma Rousseff e deixou uma trilha de cheques: US$ 27 bilhões em acordos bilaterais, US$ 53 bilhões em investimentos em infraestrutura, compra de 40 aviões da Embraer, linhão de Belo Monte, empréstimo para a Petrobras e a promessa de uma megaferrovia ligando o Tocantins ao Pacífico. Quem esperava ver “os maiores países em desenvolvimento dos hemisférios Ocidental e Oriental”, como disse Li, anunciando uma parceria robusta em mudanças climáticas e energia limpa frustrou-se: o clima ficou no rodapé, numa declaração conjunta sobre o assunto e num compromisso perfunctório de “trabalhar junto com outras Partes” para o sucesso da conferência de Paris, no fim do ano.
Para quem fez juras de amor às energias renováveis e prometeu “liderança” em Paris após encontrar-se com Barack Obama, em abril, Dilma pareceu ter passado por aquilo que os biólogos chamam de reversão ao estado selvagem: a tônica dos discursos e dos atos assinados foi de investimentos na agenda desenvolvimentista praticada em seu primeiro governo: petróleo, mineração, carne, hidrelétricas e outras grandes obras.
Com um ajuste fiscal estimado em R$ 70 bilhões à espreita, Petrobras e Eletrobras em dificuldades e empreiteiros na cadeia, o capital chinês será mais que bem-vindo para ajudar na retomada do crescimento da economia brasileira. O ICBC, o BNDES chinês, foi mencionado algumas vezes por Dilma em seu discurso com Li à imprensa nesta terça-feira (19); e o premiê não deixou de notar em sua fala que a presidente “sabe até dizer corretamente os nomes das empresas chinesas”.
A China, por sua vez, tem interesse em fincar o pé no Brasil para garantir suprimento de minérios, carne e petróleo, enquanto negocia com outros parceiros, como os EUA, acordos comerciais em tecnologias de energia limpa. Esta é a razão do empréstimo de US$ 10 bilhões do China Eximbank à Petrobras e da Ferrovia Transcontinental, que levará carne, soja e minério de ferro do Brasil aos portos peruanos para encurtar o transporte até a Ásia.
Os acordos comerciais firmados pelo maior emissor de gases-estufa do planeta parecem, assim, seguir a lógica do “todas as alternativas acima” em vez de sinalizar claramente investimentos de baixo carbono. Ao mesmo tempo em que promete ter 100 gigawatts de energia solar em sua matriz até 2020, acena com um pico de emissões em 2030 e vai aos poucos desacoplando o seu crescimento econômico das termelétricas a carvão, a China busca parceiros para alimentar sua economia no “business as usual”. O Brasil parece ser um deles.
Dos 36 atos assinados por Brasil e China nesta terça-feira, três dizem respeito à economia de baixo carbono: um investimento de 321 megawatts em energia eólica, um memorando de entendimento entre a Apex Brasil e a gigante elétrica chinesa BYD para energia solar e um acordo de cooperação em energia nuclear. Não se falou em cifras.
Um quarto ato foi a declaração conjunta sobre mudanças climáticas, que trouxe pouca novidade sobre o comportamento de dois atores-chave na negociação do novo acordo.
A China é o alfa e o ômega de qualquer regime internacional de mudanças climáticas: é quem mais polui, quem mais cresce suas emissões e quem mais “terceiriza” emissões de outros países ao fabricar os produtos americanos, europeus e japoneses que o resto do mundo consome. O Brasil é importante na negociação não apenas por ser um dos dez maiores poluidores, mas também por ser um tradicional solucionador de impasses, graças à habilidade de seus diplomatas. Ambos são vozes importantes do BASIC, um grupo de negociação informal dos gigantes emergentes, e do G77, o bloco de negociação formal da Convenção do Clima da ONU que reúne 130 países em desenvolvimento.
A declaração Brasil-China sobre clima reafirma o “compromisso em alcançar um acordo equilibrado, completo, ambicioso e equitativo” em Paris. Carrega na dose das “responsabilidades comuns, porém diferenciadas” – um mantra dos países em desenvolvimento para cobrar mais ação dos ricos – e volta a bater na tecla da necessidade de erradicar a pobreza.
No único item com cheiro de novidade, os dois países prometem reforçar a cooperação na área de energia fotovoltaica, com vistas a “diversificar as respectivas matrizes energéticas e contribuir para os esforços de mitigação”. A cooperação pode levar “ao estabelecimento de unidades de produção no Brasil de empresas de energia solar da China”.
Sobre as metas nacionais de ambos os países (as chamadas INDCs), poucas pistas, exceto a promessa de que “ambos os lados indicam que as suas ambiciosas iniciativas nacionais e resultados alcançados serão devidamente refletidos em suas respectivas contribuições”.
Se Brasil e China de fato prepararem suas novas metas com base no que já está em implementação nos dois países, pode vender aquela casa na praia, porque um mundo 4 graus mais quente vem aí.

Fonte: Blog Observatório do Clima, acessível  em http://blog.observatoriodoclima.eco.br/?p=2398


Cientistas estudam superbactérias antárticas para novos antibióticos

Foram identificadas mais de 200 bactérias com aplicação na medicina.
Uso excessivo de antibióticos fez surgir bactérias muito resistentes.

Exemplar de pinguim-papua é visto na Baía do Almirantado, região onde está abrigada a Estação Antártica Comandante Ferraz (Foto: Eduardo Carvalho/G1)
  Cientistas chilenos estudam "superbactérias" extraídas da Antártica que, por sua resistência a condições extremas, seriam chave para derrubar a crescente resistência aos antibióticos, segundo pesquisa apresentada nesta quarta-feira (20) em Santiago.
Após analisar 80 amostras de solo antártico, extraídas em duas viagens, em 2014 e 2015, foram identificadas mais de 200 bactérias de espécies como Pseudomonas e Staphylococcus, que têm "um amplo potencial de aplicação em medicina", explicou Maria Soledad Pavlov, doutorando em biotecnologia da Universidade Católica de Valparaíso e integrante da equipe de pesquisas.
  Os organismos microbianos que "geram estratégias para competir e sobreviver" ao clima extremo do continente branco seriam a chave para a criação de "antibióticos que tenham capacidades antimicrobianas diferentes das atuais", o que permitiria quebrar a atual resistência de algumas bactérias.
"Estamos tentando gerar um produto biotecnológico interessante a partir destas bactérias antárticas, que possam suprir esta falta severa de antibióticos", disse Pavlov.
Resistência a medicamentos
Segundo o estudo, o uso excessivo de antibióticos provocou o aparecimento de bactérias resistentes, muito difíceis de controlar com os atuais medicamentos ou antibióticos convencionais.
A pesquisa chilena, desenvolvida com o apoio do Instituto Antártico Chileno (INACH), coletou amostras no arquipélago das Shetland do Sul e em setores continentais da Antártica, próximos às bases chilenas.
Na etapa inicial da pesquisa, Pavlov advertiu que seriam necessários 10 a 15 anos mais de estudos para poder usar o composto antimicrobiano gerado em medicina humana, enquanto que, para utilizá-lo em agricultura, o tempo diminui e seriam suficientes mais cinco anos de laboratório.
Fonte: G1 via France Presse, em 21/05/2015

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Brasileira de 23 anos ganha bolsa em universidade da Nasa por criar solução para a crise hídrica

Mariana embarca em junho para estudar inovação nos EUA. FOTO: Divulgação
Uma brasileira ganhou uma bolsa de estudos para estudar em uma universidade dentro de uma unidade da Nasa após ter encontrado uma solução para ajudar a resolver a questão da falta de água, um problema global que já atinge fortemente cidades como São Paulo.
Mariana Vasconcelos, de 23 anos, criou uma plataforma que conecta um aplicativo para celulares a sensores instalados na terra para que agricultores saibam a quantidade exata de água necessária para a atividade agrícola. A jovem empreendedora diz que o sistema promove uma economia de água entre 30% e 70%. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), cerca de 70% da água do mundo é utilizada para irrigação na agricultura, porém 50% deste volume é desperdiçado durante o processo.
O projeto batizado de Agrosmart venceu 562 finalistas do concurso Call to Innovation 2015, promovido pela faculdade Fiap. Com o prêmio, Mariana ganha uma bolsa de estudos para o Graduate Studies Program (GSP) 2015 da Singularity University, que fica dentro de uma base de pesquisa da Nasa no Vale do Silício e tem cursos focados em inovação.
Além do curso, Mariana terá as despesas com alimentação e estadia, dentro das instalações da NASA, pagas. Depois da experiência internacional, a vencedora também ganhará uma bolsa integral para um curso do programa de MBA da FIAP.

“A Singularity University é conhecida por empoderar agentes de mudança e nós acreditamos muito na nossa solução não só para economizar água, mas para  que as pessoas fiquem mais conscientes da importância de garantir recursos hídricos para o futuro e melhorar a produtividade do setor agrícola”, diz.
O “nós” dito pela empreendedora se explica pelo fato de que Mariana não criou o negócio sozinha. Ela começou a planejar a Agrosmart no fim de 2013 com outros três amigos: Raphael Tizzi, Thales Nicoleti e Anderson Casemiro. O projeto foi criado durante uma edição do Startup Weekend, do qual foi vencedor, e no ano passado foi selecionado para fazer parte do programa Start-Up Brasil, do governo federal, que oferece bolsas de até R$ 200 mil ao longo de um ano para pagamento de salários e parceria com uma aceleradora para desenvolvimento do modelo de negócio.
Desde então, a Agrosmart está sendo acelerada pela Baita, em Campinas, e possui hoje duas fazendas como clientes onde a tecnologia vencedora do concurso está sendo testada.
Experiência
Apesar de jovem, Mariana já teve outras duas startups. Formada em administração de empresas pela Universidade Federal de Itajubá (Unifei), ela teve o seu primeiro contato com empreendedorismo ao trabalhar em uma padaria gerida pela sua família. Depois, criou outras duas empresas no ramo da internet das coisas antes de investir na Agrosmart. “Nós criamos essa solução porque acreditamos realmente que podemos melhorar a vida das  pessoas no campo com o uso de tecnologia”, afirma.

Na final do concurso da Fiap, a tecnologia da Agrosmart concorreu com outras seis soluções pelo prêmio principal (veja aqui todos os finalistas). A empresa de Mariana foi considerada a vencedora após apresentar o projeto para uma banca, que contou com a participação de Salim Ismail, um dos fundadores da Singularity University. A ganhadora embarca em junho para os Estados Unidos para começar os seus estudos.

Fonte: Blog do ESTADAO, acesso em 20/05/2015, http://blogs.estadao.com.br/start/brasileira-de-23-anos-ganha-bolsa-em-universidade-da-nasa-por-criar-solucao-para-a-crise-hidrica/.

terça-feira, 19 de maio de 2015

Quatro visões pouco comuns da Terra


Foto: NASA
Cobertura de nuvens
Feita a partir de mais de uma década de observações do satélite Aqua, da Nasa, a imagem mostra a frequência da cobertura de nuvens sobre a Terra: em azul escuro, onde ela está quase ausente; e em branco, as áreas mais nubladas.


Foto: Jack Cook/Woods Hole Oceanographic Institution
Nem tanta água
Apesar de os oceanos cobrirem mais de 70% da superfície da Terra, se toda a água do planeta fosse colocada em uma única esfera, ela teria pouco mais de 1.350 quilômetros de diâmetro, cerca de 40% do tamanho da Lua.


Foto: NASA
O sopro dos ventos
A imagem é uma simulação dos ventos na atmosfera terrestre, com os sopros próximos à superfície em branco e os ventos de altitude coloridos segundo sua velocidade, sendo em vermelho os mais rápidos.

Foto: NASA

Luzes na escuridão
Feita com observações do satélite Suomi NPP, a imagem mostra a iluminação artificial no planeta, evidenciando as regiões mais ricas e a poluição luminosa das cidades que “apaga” as estrelas do céu noturno.

Fonte: O Globo, acesso em 19/052015


sexta-feira, 15 de maio de 2015

NASA | A Year in the Life of Earth's CO2

400 ppm. E daí?

CLAUDIO ANGELO (OC)
A notícia correu o mundo nesta semana: a concentração de dióxido de carbono na atmosfera ultrapassou em março a marca simbólica de 400 partes por milhão, segundo anunciou a Noaa (Agência Nacional de Oceanos e Atmosfera dos EUA). É a primeira vez que isso acontece desde que a agência começou a medir esse gás em 40 pontos diferentes do planeta, na década de 1980.
Da última vez que houve tanto CO2 na atmosfera, provavelmente 3,5 milhões de anos atrás, não existiam seres humanos, nem gelo no polo Norte. A temperatura média global era de cerca de 3oC mais alta do que no período pré-industrial. O nível do mar era 4 a 5 metros mais alto do que hoje.

O anúncio foi tratado pela imprensa internacional como um “alerta vermelho” no ano da conferência do clima de Paris, que deveria (mas tem gente que acha que não vai) apontar o início da solução do problema do aquecimento global. Embora o recorde seja em si importante, o problema real é a tendência que ele indica.
Quatrocentas partes por milhão, ou ppm, é um número pequeno. Significa que, em cada milhão de moléculas de ar, há 400 de gás carbônico (lembre-se de que a atmosfera é composta quase totalmente de nitrogênio e oxigênio; o CO2 é um dos “gases-traço”, daqueles que juntos formam 1% da composição do ar).
Acontece que o gás carbônico faz o melhor estilo “chiquitito, pero cumplidor”: ele é extremamente eficiente em reter na atmosfera o calor que a Terra irradia em forma de radiação infravermelha. Não satisfeito, ele ajuda a elevar, por evaporação, os níveis atmosféricos de outro gás-estufa muito potente: o vapor d’água. Isso mesmo: como sua mãe já deve ter dito, até água em excesso faz mal.

As medições da concentração de CO2 na atmosfera começaram a ser feitas em 1958 pelo americano Charles Keeling no alto do vulcão Mauna Loa, no Havaí. O local foi escolhido por estar bem longe de fontes de poluição que pudessem enviesar as amostras de ar. O Mauna Loa, a 4.000 metros de altitude e no meio do Oceano Pacífico, representa bem como o CO2 está misturado à atmosfera global.
Quando as medições de Keeling começaram, a concentração de CO2 no ar estava em 315 ppm. Em 2013 elas ultrapassaram 400 ppm no Mauna Loa pela primeira vez, para caírem em seguida e fecharem o ano em 393 ppm. Os dados da Noaa mostram que o mesmo sinal foi detectado não apenas em um ponto, mas em dezenas de lugares diferentes mundo afora.
Assim como aconteceu em 2013, o valor vai cair nos próximos meses e fechar o ano abaixo de 400 ppm. A oscilação acontece porque no final do inverno no hemisfério Norte, onde está a maior parte das terras (portanto, da vegetação) do mundo, há muito carbono no ar. Ele vem da da decomposição das folhas que caíram no outono. Na primavera, a rebrota sequestra esse CO2 e a concentração cai novamente.

O problema, claro, é que essa concentração vem subindo de forma acelerada ano após ano. Em todo o período pré-industrial, a concentração de CO2 na atmosfera jamais ultrapassou 280 ppm. Do surgimento da espécie humana até o ano em que Keeling começou a fazer suas medições, o aumento foi de 12,5%, no máximo. Da primeira vitória do Brasil numa Copa do Mundo até hoje, o aumento já foi de outros 27%. A velocidade anual de crescimento dobrou entre 2000 e 2010 em relação a 1960-1970. Metade do aumento verificado desde a aurora da humanidade aconteceu depois de 1980.
Nesse ritmo, o CO2 terá dobrado em relação à era pré-industrial antes do final do século. Os modelos climáticos apontam que, com duas vezes mais CO2 no ar, o aumento da temperatura da Terra seria de cerca de 3oC, valor muito superior ao limite considerado “seguro” (e, para alguns, já inatingível) de 2oC acima da média pré-industrial. Segundo o IPCC, o painel do clima da ONU, para ter uma chance de 50% de atingir os 2oC, os níveis de CO2 precisariam estacionar em 450 ppm e depois cair.
Os 400 ppm são um número bizantino, mas importante por isso: apenas 50 ppm separam a humanidade de entrar em um território climático nunca antes explorado – e, ao que tudo indica, de forma alguma agradável.

Fonte: Observatório do Clima, acesso em http://blog.observatoriodoclima.eco.br/?p=2376


Seminário sobre Informação na Internet

Fonte: IBICT  via e-mail imprensaibict@ibict.br

Entidades realizam novo protesto contra a lama no Cassino

A entidade S.O.S. Cassino, que reúne pessoas físicas e algumas outras associações e segmentos do surf,  kitesurf e SUP, realizará novo protesto diante da lama que permanece acumulada na praia do Cassino.
O evento está marcado para o domingo (17), na avenida Rio Grande. Segundo nota da S.O.S. Cassino, a manifestação desta vez teria sido sugerida pela própria sociedade, "que optou por organizar-se ao ver o seu balneário tapado de lama,  resultado de irresponsabilidade que se repete ao longo dos anos. Existem sim, estudos formalizados e registrados junto ao MPF. Este manifesto é pacífico e tem cunho cultural, com intenção de despertar a sociedade para os grandes problemas enfrentados pela praia do Cassino. Precisamos unir forças no mínimo invocando o princípio da precaução."

A nota, por fim, convida a comunidade em geral para o ato que ocorrerá às 16h, no Chapéu de Palha, na avenida Rio Grande.  
Dia 9, praticantes de esportes náuticos literalmente protestaram na lama do Cassino.
Foto: Cristiano Nehring

Fonte: Jornal AGORA em 15/05/2015

Cientistas identificam primeiro peixe de sangue quente

Espécie opah tira proveito de poder ficar em águas profundas, mais frias.
Sistema e aquecimento mantém seu cérebro funcionando rapidamente.
O peixe opah, que atende também por peixe-sol, peixe-lua e peixe-imperador, é o primeiro peixe de sangue quente conhecido pela ciência e essa característica incomum lhe confere uma vantagem competitiva nas profundezas frias do oceano, afirmaram pesquisadores nesta quinta-feira (14).
A criatura tem o tamanho de um pneu e pode se aquecer de modo semelhante a um radiador do carro, explicaram os pesquisadores à revista "Science".
  O peixe tem vasos sanguíneos nas brânquias, que transportam o sangue quente do núcleo do corpo. Estes vasos sanguíneos envolvem outros vasos perto das brânquias, por onde o peixe respira, trazendo de volta sangue frio, oxigenado.
Cérebro afiado
O resultado é um sistema de aquecimento autônomo que mantém o cérebro do peixe afiado e seus músculos ativos para que ele possa nadar rápido e pegar suas presas.
  Anexando monitores de temperatura ao peixe opah que vive ao largo da costa oeste dos Estados Unidos, os pesquisadores descobriram que ele tinha uma temperatura média muscular "cerca de cinco graus acima da água circundante ao nadar cerca de 45-300 metros abaixo da superfície", explicou o estudo.
A maioria dos peixes têm sangue frio, de modo que a descoberta de um peixe que pode aquecer seu corpo da mesma maneira que mamíferos e aves foi uma surpresa para os cientistas.
  "Antes desta descoberta eu tinha a impressão de que ele era um peixe lento, como a maioria dos outros peixes em ambientes frios", contou Nicholas Wegner, da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), um dos autores do estudo.
"Mas como ele pode aquecer seu corpo, acaba por ser um predador muito ativo que persegue suas presas de maneira ágil e pode migrar para longas distâncias". Peixes opah vivem no fundo do oceano, onde os predadores tendem a emboscar suas presas em vez de persegui-las.
Alguns outros peixes, como o atum e alguns tubarões, podem aquecer algumas certas partes de seus corpos e músculos para impulsionar o desempenho nadando nas profundezas frias, mas seus órgãos internos rapidamente ficam frios, forçando-os a subir para águas pouco profundas, a fim de se aquecer.
Sempre quente
Com barbatanas vermelhas que estão constantemente batendo, o peixe opah permanece quente mesmo quando a água fica mais fria, acelerando o seu metabolismo e mantendo um reflexo rápido.
Além da rede de aquecimento dos vasos sanguíneos, os peixes opah têm tecido adiposo em torno da brânquias, coração e músculo para isolar-se e manter-se aquecido.

"É a primeira vez que vemos isso nas brânquias de um peixe", afirmou Wegner. "Esta é uma inovação legal, que confere a esses animais uma vantagem competitiva".
Peixe opah (Foto: REUTERS/NOAA Fisheries/Southwest Fisheries Science Center)

Fonte: G1 Natureza  em 14/05/2015, via AFP

terça-feira, 12 de maio de 2015

Himalaias 'encolhem' após terremoto no Nepal

Dados apontam redução de 1 m, dizem cientistas; eles alertam que mais estudos são necessários para confirmar 'encolhimento'.

Navin Singh Khadka Repórter de Meio Ambiente do Serviço Mundial da BBC
Cientistas ainda não analisaram imagens de satélite para determinar mudanças no Monte Everest, o pico mais famoso do Himalaia (Foto: Facebook/Reprodução)
  O forte terremoto que atingiu o Nepal reduziu os Himalaias em cerca de 1 metro, disseram cientistas. Eles alertam, no entanto, que a mudança ainda tem que ser confirmada por pesquisas na área, dados aéreos ou dados de GPS.
"O trecho principal que teve sua altura reduzida é um trecho de 80-100 km do Langtang Himal (a noroeste da capital, Katmandu)", disse Richard Briggs, geólogo do Serviço Geológico dos Estados Unidos.
Langtang é uma região onde muitos moradores e montanhistas estão desaparecidos, possivelmente mortos, após as avalanches e deslizamentos de terra desencadeados pelo terremoto de magnitude 7,8 em 25 de abril, que deixou mais de 6 mil mortos.
  Cientistas acreditam que a altura de outros picos no Himalaia também pode ter caído, incluindo o Ganesh Himal, a oeste de Langtang.
Eles ainda não analisaram imagens de satélite da região em que o mais famoso pico do Himalaia - o Everest - está localizado. A análise dos dados tem se centrado na região central do Nepal, mais atingida pelo terremoto. O Everest localiza-se a leste desta área.
  No entanto, antes do terremoto, já havia discussões sobre a altura do Everest.
"Mas o que vemos nos dados que avaliamos... é uma região claramente identificável com um abaixamento de até 1,5 m", disse Christian Minet, geólogo do Centro Aeroespacial Alemão (DLR), que processou os dados do terremoto no Nepal enviados pelo satélite Sentinel-1a.
Sobe e desce
Cientistas do Centro de Observação da Terra do DLR compararam duas imagens separadas de uma mesma região enviada pelo satélite, antes e depois do terremoto.
Segundo Minet, as imagens de satélite mostram que a área da cordilheira caiu cerca de 0,7 m - 1,5 m mas que "não é possível dizer que uma montanha específica está menor".
  O estudo também descobriu que algumas áreas, incluindo a capital, Katmandu, e o sul das montanhas do Himalaia, ficaram mais altas depois do terremoto.
Cientistas dizem que movimentos de queda e elevação são um comportamento geológico normal após um terremoto dessa magnitude.
  Normalmente, os Himalaias estão em ascensão por causa da colisão entre as placas tectônicas Indiana e Eurasiática. Mas durante grandes terremotos, o processo fica invertido, dizem especialistas.
Autoridades no Nepal dizem que ainda não avaliaram os impactos geológicos do terremoto no Himalaia, já que ainda estão empenhados nas operações de resgate após o terremoto.

Fonte: G1 Natureza em 11/05/2015 

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Professor da Furg diverge sobre origem da lama no Cassino

Acompanhado de outros pesquisadores, Glauber Gonçalves monitora as interações da laguna com o oceano e defende que as dragagens forçadas não representam 2% do valor de sedimentos que os Molhes da Barra draga a cada ano.
Hylton Martins mostra sete imagens de satélite da área, entre novembro de 2013 até fevereiro de 2015 de água vaza, inclusive, através dos próprios molhes Foto: Fábio Dutra.
Após matéria veiculada na edição da última terça-feira (5), na qual pesquisadores apontaram a dragagem do porto como sendo o principal agente causador do aparecimento de lama na Praia do Cassino, o professor da Universidade Federal do Rio Grande, Glauber Acunha Gonçalves procurou a reportagem do Agora para elucidar – através de dados recolhidos por cinco anos de monitoramento do local – que a dragagem, segundo ele, não é a causa da grande quantidade de lama.
Glauber Gonçalves faz parte do Laboratório de Tecnologia da Geoinformação, trabalhando há 25 anos na Furg, onde seu trabalho acadêmico é focado principalmente em imagens de satélites, medidas aerotransportadas e mais recentemente também realizando batimetrias e métricas meteo-oceanográficas no Porto do Rio Grande.
Após anos de monitoramento, Gonçalves garante: “a dragagem forçada, executada pelos movimentos de manutenção e aprofundamento, não representa 2% do que naturalmente a obra portuária feita pelos franceses a 100 anos [Obra dos Molhes da Barra] draga a cada ano. Ou seja, o sedimento que fica nas áreas de canal, assoreando essa estrutura de navegação, é uma pequena parte do que o canal (devido à sua configuração) joga pelos molhes”, explica.
Sobre o retorno do material da dragagem até a beira da praia, Gonçalves acredita que não é correto afirmar tal fato e até aponta tal presunção como “má fé”. “A quantidade dragada à força [pelo processo de dragagem mecânica] é lançada na isóbata de 18 metros, enquanto que o material despejado pelos molhes diariamente sai na frente da praia. Acreditar que aquele, a quilômetros de distância, chega a praia preferencialmente é má fé”, pondera.
Mudanças na hidrodinâmica da Laguna e obra dos Molhes
Segundo o pesquisador, o processo de despejo da lama é acelerado basicamente por dois fatores: o regime hidrodinâmico da laguna e a obra do porto.
Sobre as características da laguna, ele explica: “mais recentemente, os eventos da lama tornaram-se frequentes porque a hidrodinâmica da lagoa vem mudando. Estamos com o regime de vazante absurdamente dominante, por fatores ligados às mudanças climáticas globais e ao uso intensivo das margens da Lagoa dos Patos, produzindo sua degradação e aumentando o volume de água e sedimentos aportados por sua bacia sobre o sistema”.
Essas mudanças hidrodinâmicas associadas com a permeabilidade dos Molhes da Barra têm intensificado o surgimento dos sedimentos lamacentos, segundo Gonçalves, “a obra do porto é o canal, que foi construído sobre o naturalmente existente a mais de 100 anos, e a estrutura dos molhes, feita para dragar naturalmente o estuário. Essa intervenção não é natural, foi feita pelo homem, e está aí a um século. Dizer que esse é o motivo da lama é o correto, mas não há o que fazer sobre isso, pois sacrificar o canal seria condenar o Porto”, complementa.
Em uma das imagens LandSat disponibilizadas pelo professor e entregues à reportagem pelo técnico Hylton Martins, pode-se ver que o material sedimentar disperso na coluna d´água vaza, inclusive, através dos próprios molhes tanto em imagens captadas duas semanas antes do início da dragagem de 2013 como nas imagens mais atuais. "Em alguns dias, como esse [da imagem], durante o ano, a lagoa lança [sem o uso da draga] mais material do que em todo o evento de dragagem do Porto, diretamente na frente da praia”, conclui Gonçalves.
Após as pesquisas e monitoramento – integrantes de um trabalho do LTGeo que ainda está em execução, mas que já possui grande quantidade de dados – verificou-se que em um dia de vazante média de 0,82m/s o sistema lança mais material em suspensão do que a draga operando durante em um mês. No total, a estimativa do volume depositado sobre a areia da praia é de 372.082m³.

Gerar polêmica
Para Gonçalves, “motivos ainda desconhecidos” estão fazendo teorias – segundo ele, sem provas científicas – que associam a dragagem do canal com a lama tomarem uma grande proporção. Sobre as assertivas que vinculam os dois acontecimentos, Gonçalves explica que pesquisas são consolidadas sobre fatos medidos e não sob argumentos de associação subjetiva de fenômenos.
Segundo Gonçalves, os motivos de se fazer público tais teorias, envolvem interesses alheios à preservação ambiental. “O interesse em polemizar sobre esse tema é bastante óbvio: drenar recursos para projetos pessoais e político-partidários, a despeito do prejuízo provocado para o Porto e para a comunidade”, conclui o professor.

Fonte: Esther Louro, Jornal Agora em 07/05/2015

Buraco em lago nos Estados Unidos suga a água.

Buraco suga lago em parque nos EUA - Fernando Moreira: O Globo

Buraco suga lago em parque nos EUA - Fernando Moreira: O Globo

terça-feira, 5 de maio de 2015

Ferramenta auxilia a identificar revistas para publicação de artigos

Daniel McGowan, diretor científico da Edanz, apresentou sistema que aponta melhores opções de periódicos para publicação de um trabalho científico com base no resumo ou em amostra do texto (E.Cesar)

Agência FAPESP – A escolha de um periódico para publicar um trabalho representa a maior dificuldade enfrentada hoje por pesquisadores da China – país que registra uma das maiores taxas de crescimento de produção científica no mundo – durante o processo de preparação de artigos científicos.

A constatação é de uma pesquisa realizada com 333 cientistas chineses que publicam regularmente pela Edanz Group – consultoria que auxilia pesquisadores de países não falantes de língua inglesa a obter a aceitação de publicação de seus textos em revistas internacionais.
Ao serem questionados sobre qual o principal obstáculo que identificam durante a redação de um artigo científico para publicação, 118 pesquisadores chineses responderam que era escolher uma revista científica.
Outros 70 participantes da pesquisa afirmaram ter dificuldade de expressar claramente suas ideias em inglês – a língua “oficial” da ciência. Já 73 pesquisadores chineses indicaram ter problemas para compreender a orientação do periódico para os autores. E 63 disseram ter dificuldade para formatar seus artigos de acordo com as diretrizes para os autores.
“Identificar um periódico para publicar seus artigos ainda representa um problema para pesquisadores não só da China, mas também de outros países”, disse Daniel McGowan, diretor científico da Edanz Group.
McGowan participou, no dia 21 de março, do workshop “How to Write for and Get Published in Scientific Journals – Conselhos práticos de como publicar exitosamente seguindo normas internacionais na área de comunicação científica”, realizado pela FAPESP e pela Springer Brasil.
A fim de facilitar esse processo de identificação de periódicos, a empresa lançou uma ferramenta gratuita , disponível na internet, que identifica boas opções de revistas para publicação de artigos científicos específicos.
Ao digitar o resumo, ou frases-chave (ou amostra do texto no campo principal do programa), ela fornece uma lista de periódicos que publicam em áreas relacionadas ao tema da pesquisa relatada no artigo.
Os usuários do serviço podem refinar os resultados da busca com base em critérios que julgam ser importantes para publicações nas quais gostariam de publicar seu artigo, como frequência de publicação, fator de impacto e modelo de publicação e até acesso aberto.
O programa também fornece informações básicas sobre as publicações indicadas e uma lista de artigos relacionados ao tema pesquisado que a revista científica tenha publicado recentemente.
Com base nesse conjunto de informações, resta ao usuário visitar o site das publicações pelas quais se interessou para sacramentar a decisão de onde apresentar seu artigo.
“Muitos pesquisadores não levam em conta o perfil de leitor de uma determinada publicação ao submeter um artigo, por exemplo, o que é uma questão importante, que pode determinar a aceitação ou rejeição do artigo”, disse McGowan.
Avaliação
Uma das dicas dadas pelo especialista à plateia que lotou o auditório do Espaço Apas, foi basear a seleção de um periódico para publicar em uma avaliação honesta de seu artigo – incluindo aspectos relacionados à novidade apresentada pela pesquisa, à sua relevância e aos possíveis impactos na área.
“É preciso avaliar os reais avanços apresentados por suas pesquisas em comparação com o que já foi publicado”, disse McGowan. Para estimar o apelo da pesquisa, devem ser questionadas quais as reais aplicações da descoberta e se elas se estendem a outras áreas.
“Na área médica, por exemplo, algumas das questões possíveis para avaliar a relevância de um estudo científico são: quão comum é o problema ou a doença pesquisada? Ela atinge uma população específica ou é restrita a uma determinada região geográfica?”, afirmou McGowan.

De acordo com o especialista, parte das razões para a rejeição de um artigo pelas revistas científicas está relacionada a requisitos desconhecidos do periódico, problemas com as citações, fundamentação, objetivo e apresentação de dados da pesquisa, além de gramática e estilo de redação pobre e escolha inapropriada do periódico.

Fonte: Por Elton Alisson, Agência FAPESP, publicado em 01 de abril de 2013